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Alta Performance para Atletas - O DIÁLOGO INTERNO

Atualizado: 30 de ago. de 2023


Amanda Criscuoli utilizando todo o potencial do sue diálogo interno na via "Problema de Uma Geração", setor Noel Rocks em Caxias do Sul, RGS

[Amanda Criscuoli na via Problema de Uma Geração - Noel Rocks - Caxias do Sul/RS - Acervo Pessoal]


Você já parou para pensar, para analisar um momento onde você tenha visto um atleta no máximo da sua PERFORMANCE, fazendo algo INIMAGINÁVEL?

- Algumas das mais brilhantes corridas de Fórmula 1 do Ayrton Senna

- Usain Bolt quebrando o recorde mundial dos 100 metros

- Serena Williams em quadra em qualquer disputa de Grand Slam

- E uma infinidade de grandes momentos dos esportes olímpicos, esportes de aventura, etc


UM ESTADO INTERNO DIFERENTE, UMA “OUTRA” CONSCIÊNCIA

Nestes momentos “de ouro” destes atletas, é como se tivéssemos a sensação de que aquele indivíduo parece estar em outro “mundo”, “desconectado” da realidade que estamos vivenciando e “conectado” em outra, paralela, só dele.


Parece que ele esta executando/performando sem pensar em nada, não parece consciente do que ele faz.


Não é assim que você percebe?

Você já esteve nesta situação?


Dê uma olhada nestes vídeos abaixo:


Neste primeiro exemplo, analise a calma, veja os olhos, as expressões, o posicionamento corporal dos pilotos nas câmeras internas. Lembrando que estão literalmente “voando” a mais de 100 Km/h por estradas vicinais minúsculas.

O ponto comum em todas as execuções de ALTA PERFORMANCE de atletas reside no fato de que alguma parte da mente deles, “parece” não estar ativa.


As melhores atuações de um atleta acontecem quando ele NÃO está “pensando” sobre o seu desempenho

É claro que "não estar pensando" não significa executar de forma inconsciente, pois isto não seria possível, mas sim, executar com a sua atenção nos movimentos, na bola, na pista, no circuito, nos controles, sem pensar nas INSTRUÇÕES de como ele deve pilotar para fazer aquela curva ou ultrapassagem, como ele deve arrancar adequadamente na largada da corrida olímpica, como ele deve rebater a bola ou como ele deve executar o movimento A ou B para a execução de um determinado Boulder/Via de escalada.


ELE ESTÁ CONSCIENTE MAS NÃO ESTÁ SE “ESFORÇANDO” PARA ACERTAR

Outro exemplo incrível que reflete bem o que queremos abordar aqui está neste vídeo abaixo de um um campeonato mundial de JUMP ROPE (Pular Corda). Se você não prestar atenção, nem verá a corda, de tão rápido:

Um atleta neste nível de concentração sabe como executar os movimentos, sabe a intensidade da força, empunhadura, posicionamento necessário para que a corda realize a trajetória que ele deseja e seu corpo responda adequadamente a tudo que se faz necessário para a excelência desta execução


E registre bem que nestes casos, a execução é realizada em sua grande maioria, com uma PRECISÃO INCRÍVEL.


Perceba neste outro exemplo, em outro campeonato de JUMP ROPE (Pular Corda) inclusive com quebra de recorde mundial, como o atleta está ainda mais “relaxado” que o primeiro? Veja a expressão dele e a tensão corporal ao final do feito.


É um estado onde o atleta parece imerso em um fluxo de ações e de execução que “drena” toda a sua energia gerando um resultado de ALTÍSSIMA precisão, potência, técnica e habilidade.

Este “ESTADO” vai persistir até o momento em que ele, atleta, voltar a pensar/refletir para poder manter esta situação.


Chega ser irônico, pois ao tentar exercer controle sobre este estado é que ele irá perdê-lo.

“SEPARANDO” A NOSSA MENTE

Para que este ESTADO seja alcançado, será necessário aprender a executar “FORA DA MENTE” de uma maneira INTENCIONAL.


A dúvida que muitas vezes reside neste ponto é: Como posso estar ciente da ausência de pensamento? Este ESTADO pode ser alcançado?


Certamente que sim e é neste estado que iremos observar que o atleta está com a sua mente tão concentrada e focada que chega a ficar tranquila e estática, como se ela não estivesse “presente” ali.

Exatamente como vimos em TODOS os vídeos apresentados.

Este das meninas pulando corda: Em que momento da performance delas você consegue observar tensão? Seja corporal ou mental? E não precisamos nem falar do grau de dificuldade do que elas estão fazendo. E não esqueça que é um campeonato com a juíza em cima ou melhor, logo atrás!!


“Ele [Atleta] se associa ao que o corpo está fazendo, e as funções automáticas e inconscientes começam a ser executadas SEM a necessidade do pensamento.”

W. Timothy Galllwey


A MENTE CONCENTRADA não tem espaço para avaliar ou julgar o desempenho do corpo, e muito menos para descobri como aquilo tudo precisa acontecer.


Quando o atleta está neste estado não é necessário nenhuma interferência para que ele atinja a ALTA PERFORMANCE em seu desempenho.


Antes de você seguir, queria que você desse uma parada para ler sobre a IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO MENTAL que comentei em outro conteúdo. Se você já leu, lembra do vídeo do piloto italiano Dario Costa em um túnel na Turquia a quase 300 km/h, realizando um feito incrível? Se não leu, corre lá e leia/assista pois ao final deste conteúdo vamos voltar a falar dele. Basta clicar sobre a imagem ou neste link para rever o conteúdo.

Post do blog Mind Your.Best sobre a Importância do Treinamento Mental para Atletas

DIÁLOGO INTERNO

W. Timothy Gallwey foi brilhante em compreender e ao descrever este fenômeno:


Todo atleta na execução da sua atividade desenvolve um DIÁLOGO INTERNO e que muitas vezes até verbaliza este diálogo, onde ele da comandos para si mesmo:

  • Vá em direção a bola

  • Acelera

  • Força na rebatida

  • Entra corretamente no movimento

  • E assim por diante


Observe neste post como o Rayan Castro, atleta brasileiro de Ginástica de Trampolim, lida com a sua COMUNICAÇÃO INTERNA na execução da sua atividade:


Ou seja, exatamente o que comento aqui.


Muitas vezes estes comandos são intermináveis e duram toda a experiência.


Para completar ainda, após ditar os comandos, ainda tem outra COMUNICAÇÃO/PENSAMENTOS que podem variar do: - Você é muito ruim neste movimento, não sei correr na chuva mesmo, sou "burro" demais e dependendo da qualidade desta COMUNICAÇÃO pode chegar facilmente a auto-xingamentos e auto-ofensas.


Ou seja, o atleta "ADJETIVA" o processo de execução da sua atividade.



Um ponto muito importante, aqui:

Se você interromper este atleta e perguntar se ele está tendo uma conversa interna, com quem ele está falando ou quem ele está xingando, é bem provável que ele responderá:


- EU COMIGO MESMO!!


E então fica a dúvida, quem seria: “EU COMIGO MESMO”??


Na verdade não fica difícil entender que “EU” é uma entidade e “COMIGO MESMO” é outra.

Isto mesmo, cada indivíduo tem "dois seres", onde o primeiro, o "EU", é aquele que dá as instruções e o segundo, o "COMIGO MESMO" é o que executa as ações. Num ciclo que muitas vezes é algo assim:


SER 1 (Dá as instruções/ações) - > SER 2 (Executa as ações)


E ainda existe um outro ciclo, que é bastente prejudicial para o atleta que é:


SER 1 (Dá as instruções/ações) - > SER 2 (Executa as ações) -> SER 1 (Avalia/Julga o que foi executado pelo SER 2)


Para facilitar a sua compreensão daqui para frente, vamos chamar o SER 1 do INSTRUTOR (CONSCIENTE) e o SER 2 de EXECUTOR (INCONSCIENTE).


Agora nós vamos dar um grande passo na compreensão do trabalho proposto até aqui:


"O tipo de RELACIONAMENTO que cada atleta tem entre seu SER 1 e seu SER 2 é o fator primordial na determinação de sua CAPACIDADE em traduzir TÉCNICA em AÇÃO EFETIVA"

W. Timothy Galllwey


Resumidamente a chave para qualquer grande REALIZAÇÃO e busca de ALTA PERFORMANCE, vai passar pela qualidade do RELACIONAMENTO entre estes DOIS SERES!!

COMO TIPICAMENTE SÃO ESTES SERES

O SER 1 (CONSCIENTE): é aquele que dá as instruções, os comandos, também é o ser CONSCIENTE nosso. Sendo assim ele é o que a grande maioria das pessoas está acostumada a chamar de EU. Muito embora, se você seguir aqui com a gente, verá que não é bem assim, nosso 'EU" é muito mais profundo e maior que somente nossa CONSCIÊNCIA. Mas isto é tema para outros conteúdos.


Este SER pode ter diferentes graus relacionados as "ordens" internas. Olhando sob a ótica dos diferentes Perfis Comportamentais da teoria DISC criada por William Moulton Marston o nível de COMUNICAÇÃO INTERNA pode ser diferente entre indivíduos, especialmente se compararmos um indivíduo com ALTA DOMINÂNCIA em comparação com um indivíduo com ALTA ESTABILIDADE. Para saber mais sobre PERFIS COMPORTAMENTAIS, acesse este link.


Mas vamos simplificar o SER 1, como o SER CONSCIENTE que DÁ AS ORDENS INTERNAS para colocar tudo em execução.


O SER 2 (INCONSCIENTE): Toda vez que você respira, faz a digestão, seu coração bate, toda vez que você caminha, se movimenta, enxerga uma imagem, ouve algo, enfim os milhares e milhares de ações que são executadas de forma, vamos dizer assim, “não facilmente percebidas”, INCONSCIENTES, são todas realizadas por este SER. Na verdade é uma combinação incrível de sistemas que possuímos que realizam estas tarefas, mas também vamos simplificar em somente um para o nosso contexto aqui.


Sob este sistema incrível do SER 2 quero me aprofundar um pouco.

Tomemos o exemplo do aprendizado de algo importante e complexo para nós como indivíduos:

- ANDAR: Observe uma criança aprendendo a andar, como se dá cada etapa deste aprendizado, as tentativas de ficar em pé, as primeiras coordenações motoras, até o estágio de domínio desta atividade. Existem diversas etapas e sistemas e sub-sistemas internos envolvidos. Vamos o próximo exemplo para facilitar um pouco.

- DIRIGIR UM VEÍCULO: A primeira vez que você sentou em um veículo para dirigí-lo, você teve que CONSCIENTEMENTE identificar tudo o que tinha que fazer e executar e muitas vezes “VERBALIZAR” estes comandos para poder memorizar: Pisa na embreagem e no freio, engata a marcha, olha para a frente, retrovisor direito, esquerdo, traseiro, solta o pé do freio, solta o freio de mão e lentamente e ao mesmo tempo que acelera, vai soltando a embreagem, controla a direção do veículo…ufa!! Isto tudo e foi só para iniciar o caminho! Então você repete isto centenas de vezes e de repente você está lá realizando tudo isto de “forma automática” e agora podendo conversar, ouvir música, olhar o GPS e mais um mundo de outras coisas.


Nestes dois exemplos o que aconteceu?


Inicialmente o SER 1, aprendeu tudo o que tinha que fazer com seu instrutor externo (A criança vendo outra criança, seus pais ensinando, etc), o motorista novo com seus pais ou professores da auto-escola. Então este SER 1, foi aprendendo e conscientemente tendo que executar tudo, até que “num passe de mágica” e sem termos muito claro, começamos a andar melhor, pilotar o carro com mais “naturalidade”, até que BUUM!! Somos bons motoristas, podemos caminhar perfeitamente…

Na verdade, o “passe de mágica” aconteceu quando nosso sistema nervoso, conseguiu assimilar e transferir para o SER 2 a execução das infindáveis tarefas para dirigir, ou manter um corpo em pé, correndo, subindo escadas, árvores, escalando, etc.


Portando, como o Dr. Joe Dispenza apresenta em seu livro “Você é o Placebo”:


“Poderíamos dizer que, em uma resposta condicionada (andar, dirigir, treinar…) um programa subconsciente alojado no corpo, aparentemente substitui a mente consciente e ASSUME O CONTROLE. Assim, o corpo fica condicionado para se tornar a “mente”, pois o pensamento consciente não mais está no controle total”

Joe Dispenza

NEM SEMPRE UM RELACIONAMENTO “MADURO”

Voltando aos esportes, e inclusive observando o vídeo de exemplo do atleta narrando seus pensamentos que mostrei acima, você consegue perceber que o SER 1 dele está interferindo no SER 2 em alguns momentos?


Veja a frase inicial, principalmente: “Então, bora acertar esta série que todo mundo acertou e só falta você”

Outras: "Pensa direito na série..." "Presta atenção..."

Qual é o problema desta comunicação especificamente?

Existe na maioria das vezes, uma total falta de confiança do SER 1 para o SER 2

Quantas vezes você ouviu um atleta se auto-xingando? SER 1 condenando o SER 2?? Como se o SER 2, fosse surdo, não tivesse memória, estúpido, incapaz de executar…

Quando na verdade é absolutamente o contrário:


Vamos a este outro exemplo: Quem será que é o responsável pela execução destas jogadas de Tênis de Mesa abaixo? O SER 1 ou o SER 2?

É possível ver e compreender que o SER 1 é o que tem as INTENÇÕES das jogadas, mas é o SER 2 que, sem dúvida, as EXECUTA.


Porém, como em todo RELACIONAMENTO que não está “indo bem”, a cada momento que existir uma DISCUSSÃO, uma COMUNICAÇÃO de BAIXA QUALIDADE, inevitavelmente estaremos criando: TENSÃO NESTE RELACIONAMENTO!


Sempre que existir TENSÃO na execução de uma atividade esportiva de alto rendimento, existirá PERDA de performance, músculos mais tensos, gasto de energia desnecessária, perda de concentração, interferência na execução...


Toda vez que você PENSAR MUITO e se ESFORÇAR EM EXCESSO, é sinal que o SER 1 está INTERFERINDO e gerando tensão e conflito em todo o sistema o que afetará a sua TÉCNICA, suas HABILIDADES e criará enorme CONFLITO MUSCULAR (seu FÍSICO) no seu corpo.


E sabe o que ainda é o pior de tudo: o SER 1, que gerou a tensão inicial ainda vai colocar a culpa no SER 2 pela falha na execução, comprometendo inclusive a confiança que este possuía para executar o que ele já sabia executar. Resultado, a performance cai, o golpe não entra, a manobra não é realizada…


O SER 1 DEVE DAR AS INSTRUÇÕES MAS NÃO DEVE EXECUTÁ-LAS

Ou seja, o que acontece na grande maioria das vezes, é que ele, SER 1, não confia no SER 2 e acaba querendo assumir o trabalho todo.


Este é o ponto mais importante desta relação, prezados Atletas:


O SEU SER 1 PRECISA NECESSARIAMENTE CONFIAR NO SEU SER 2!!

Imagina, você motorista, fazendo uma viagem longa ou mesmo dirigindo em uma grande metrópole por vários quilômetros, tendo que dizer CONSCIENTEMENTE tudo o que deve ser feito? Ao final desta viagem, como você chegaria?? Qual teria sido o nível de tensão durante o trajeto todo?


 

Capa do Filme "Tunnel Pass" da RedBull TV

Você lembra que eu comentei para reler este post aqui, que tinha um vídeo incrível que eu iria comentar ao final.


Bom, agora trago estes dois vídeos, onde você pode ver a quantidade e a qualidade de treinamento que foi necessário para que o piloto desempenhasse o máximo da sua performance (HABILIDADES, TÉCNICA, FÍSICO) SEM a interferência da “MENTE”.


Isto mesmo, não tem como pilotar um avião a 300 km/h num túnel longo e estreito tendo que “pensar” no que fazer e como executar. E isto vale para todos casos ilustrados até aqui.


[É preciso ter uma conta gratuita na RebBull TV]




VÍDEO 1 - COMPLETO
Capa do Filme "Tunnel Pass": Preparando mente e corpo da RedBull TV

Veja o vídeo completo clicando na imagem ou acessando diretamente este link.



[É preciso ter uma conta gratuita na RebBull TV]






VÍDEO 2 - BASTIDORES
Capa do filme "Nos bastidores" "Behind the Scenes" com Dario Costa, RedBull TV

Este vídeo, na minha opinião resume bem tudo o que trouxe para você neste conteúdo, o quanto é importante trabalharmos o máximo nossas habilidades técnicas e físicas até o momento em que ocorre a transferência entre o SER 1 e o SER 2, até o momento que o SER 1 pode "sair de cena" para que a "mágica da performance humana" aconteça.


Veja o vídeo completo clicando na imagem ou acessando diretamente este link.



E siga com a gente aqui, tem muito conteúdo incrível sobre este tema "ESPORTES" sendo preparado e em breve darei sequencia neste tópico que abordamos!!



 

FONTES DESTA PUBLICAÇÃO

LIVROS

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